Os pais, os filhos e o rendimento escolar

Os pais, os filhos e o rendimento escolar

Vivem-se tempos diferentes com a Pandemia COVID19. A telescola foi um desafio para todos, mas um grande desafio também continuará a ser o lidar com o rendimento escolar dos filhos.

O insucesso escolar pode dever-se a imensas causas, mas existem duas mais importantes: a dificuldade de aprendizagem, que usualmente se deteta nos primeiros anos de escolaridade, e os problemas emocionais, mais comuns na adolescência e que se solucionam com alguma atenção por parte da família.

Existem algumas estratégias que podem ser úteis para toda a família:

- Expresse ao seu filho que gosta dele independentemente das falhas e êxitos, mantendo uma boa relação, para que ele possa questioná-lo quando tem dúvidas;

- Aumente o número e qualidade dos momentos em família, procurando atividades de lazer para todo o agregado familiar e que não se relacionem apenas com o trabalho, a escola e o jantar;

- Conheça os amigos dos seus filhos. As relações sociais são importantes para facilitar a aprendizagem e, acima de tudo, preservar o bem-estar físico e psicológico;

- Mostre interesse pelos estudos, pelas aulas, pela turma, os amigos e os professores;

- Elogie tanto os bons resultados como o esforço, premiando o espírito de superação e empenho como valores para conseguir o que quer;

- Organize a sua casa com zonas de lazer e de estudo. Para uma maior concentração e rendimento deverá haver um espaço designado para estudo, bem iluminado (de preferência com luz natural), com temperatura adequada, confortável, e com uma mesa e uma cadeira adaptadas aos seus filhos, permitindo uma boa postura;

- Faça um horário de estudo com os seus filhos, altura em que se comprometem a realizar trabalhos de casa ou outras atividades de estudo. Por outro lado, reserve sempre algum tempo livre sem compromissos, não dê aos seus filhos demasiadas atividades ao longo do dia;

- Recorde com frequência aspetos positivos, não grite nem o trate com indignação quando tem más notas, não o compare com ninguém (nem com o irmão ou amigos) e procure transmitir confiança para que possa ultrapassar os obstáculos;

- Não exija acima das suas possibilidades, apenas fará com que rejeite a escola e os estudos. Os erros e falhas são oportunidades de aprendizagem, deixe que ele se confronte com os seus próprios fracassos;

- Permita que os seus filhos tomem decisões e dê-lhes responsabilidades de acordo com a sua idade.

Quando consultar o médico assistente? Quando se observam mudanças de personalidade, se por exemplo se tornar agressivo quando era uma criança/jovem serena, quando era tranquilo e se mostra angustiado e triste, ou quando se verificam comportamentos de auto ou heteroagressão e consumo de estupefacientes. Deve também cumprir o programa nacional de saúde infantil e juvenil no seu centro de saúde, salientando-se as consultas dos 5 anos, com o objetivo de avaliar da existência de competências para o início da aprendizagem, a consulta dos 6/7 anos, para deteção precoce de dificuldades específicas de aprendizagem, e a consulta dos 10 anos, para preparar o início da puberdade e a entrada para o 5.º ano de escolaridade.

Adaptado do Guia Prático de Saúde da APMCG e da semFYC e das recomendações da DGS e Ordem dos Psicólogos.

Por Margarida Barros Henriques
Médica Interna de Medicina Geral e Familiar da USF Feijó

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